A respeitada revista médica britânica The Lancet publicou, em sua edição desta semana, uma série de cinco artigos sobre doenças não transmissíveis — que incluem problemas cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas. De acordo com a publicação, o objetivo da série é chamar a atenção para a importância dessas condições, que chegaram a níveis epidêmicos e hoje correspondem à principal causa de mortalidade no mundo. Os trabalhos divulgados também sugerem estratégias para a prevenção desses problemas, como aquelas que buscam reduzir os fatores de risco para tais doenças — como o tabagismo, a obesidade e a má alimentação. O Brasil foi citado como exemplo na criação de estratégias de controle do tabagismo.
Estratégias de prevenção — A série de artigos publicados no The Lancet também sugeriu quais estratégias poderiam ajudar a prevenir as doenças não transmissíveis e, portanto, diminuir o número de morte por câncer, diabetes, problemas cardíacos e respiratórios ao longo dos anos.
Um dos estudos, coordenado por Ruth Bonita, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, por exemplo, fez um relato de medidas que podem ser adotadas pelas autoridades de saúde dos países para controlar dois dos principais fatores de risco para as doenças não transmissíveis: tabagismo e consumo excessivo de sal. De acordo com a pesquisadora, a redução da ingestão de sal em 15% pode, em dez anos, evitar 8,5 milhões de mortes ao redor do mundo.
Esse artigo citou as estratégias de controle de tabagismo no Brasil como um exemplo de medida que pode ser eficaz na redução de mortes relacionadas ao cigarro. No artigo, Ruth Bonita falou sobre o fato de cidades brasileiras terem proibido o fumo em determinados ambientes, além do aumento das taxas sobre produtos derivados do tabaco e advertências presentes nos maços de cigarro.
Indústrias perigosas — Um dos artigos divulgados pela publicação britânica apontou para outro culpado para a epidemia de doenças não transmissíveis a qual o mundo vive hoje: o marketing agressivo de grandes indústrias de tabaco, álcool e alimentos não saudáveis ou "ultra-processados", como classificou o estudo. Ou seja, alimentos e bebidas industrializados que são altamente calóricos e gordurosos e muito pouco nutritivos, como comida congelada, biscoitos, salgadinhos, hambúrgueres, refrigerantes e outras bebidas adocicadas artificialmente.
De acordo com Rob Moodie, pesquisador da Universidade de Melbourne, na Austrália, e autor desse trabalho, nenhuma medida de auto-regulação dessas indústrias (ou seja, quando elas decidem realizar ações por conta própria para beneficiar a saúde pública) parece ser eficaz. Por isso, ele considera que a regulação pública dessas empresas é a forma mais eficaz de beneficiar a população.
Principais fatores de risco à saúde em 1990
1º lugar: Baixo peso infantil
2º lugar: Poluição dentro de casa
3º lugar: Tabagismo
4º lugar: Pressão alta
5º lugar: Deficiência de amamentação
6º lugar: Alcoolismo
7º lugar: Poluição ambiental
8º lugar: Baixa ingestão de frutas
9º lugar: Altos níveis de açúcar no sangue
10º lugar: Obesidade
Principais fatores de risco à saúde em 2010
1º lugar: Pressão alta
2º lugar: Alcoolismo
3º lugar: Tabagismo
4º lugar: Poluição dentro de casa
5º lugar: Baixa ingestão de frutas
6º lugar: Obesidade
7º lugar: Altos níveis de açúcar no sangue
8º lugar: Baixo peso infantil
9º lugar: Poluição ambiental
10º lugar: Sedentarismo
Fonte: The Lancet, 2012
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/brasil-e-exemplo-de-como-reduzir-mortes-por-tabagismo-diz-revista-britanica
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