Para isso, os pesquisadores da Universidade Washington de Saint Louis, nos Estados Unidos, compararam o genoma dos tumores de cada paciente com a carga genética do tecido saudável para identificar as proteínas mutantes do tumor, chamadas neoantígenos. Usando modelos de computador, os cientistas descobriram quais desses neoantígenos poderiam obter respostas mais fortes do sistema imunológico e, a partir disso, fabricaram vacinas para cada indivíduo. No mês seguinte, exames de sangue mostraram que o sistema imune dos pacientes estava respondendo ativamente às mutações.
O grande atrativo da pesquisa é que os cientistas conseguiram, por meio desta nova técnica, conceber vacinas personalizadas, uma abordagem que pode ser promissora no futuro. No entanto, os pesquisadores ressaltam que é cedo para afirmar se ela funciona para combater ao câncer. Neste ano, estão planejados estudos com um número maior de participantes.
"Esse é apenas o primeiro passo. Ainda é necessário acompanhar as respostas desses pacientes por longo prazo, além de ter outros estudos com mais pessoas e para outros tipos de câncer. O mérito desse estudo é que os cientistas conseguiram selecionar com precisão os neoantígenos e mostraram que os pacientes respondem a eles", afirma José Augusto Rinck Jr., médico oncologista do hospital A. C. Camargo. "É mais uma pesquisa a mostrar que a imunoterapia é uma estratégia promissora de combate ao câncer."
O objetivo da imunoterapia, uma estratégia conhecida há mais de cinquenta anos, é estimular o sistema imunológico do paciente para promover a cura. Ela foi classificada como Avanço do Ano pela Scienceem 2013, quando seus resultados começaram a se tornar mais robustos. Os estudos feitos desde então mostram que o tratamento é capaz de fazer com que pacientes em estágio avançado da doença sobrevivam por mais tempo que o esperado. Há casos de pessoas que chegaram até mesmo a erradicar os tumores.
O melanoma é o tipo de tumor que responde melhor à terapia, mas resultados também têm sido promissores para câncer de próstata, pulmão, rim, bexiga, pescoço e ovários. Em conjunto, as análises da Science desenham um futuro promissor para o tratamento, apesar dos atuais obstáculos, como os efeitos colaterais e sua eficiência ainda para um pequeno número de pessoas.
"A estratégia tem chamado a atenção da comunidade científica em todo o mundo e será o foco de mais da metade dos estudos que serão apresentados este ano na Conferência da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, o maior evento da área. Estamos prestando cada vez mais atenção nessas pesquisas e nas novas drogas desenvolvidas, que podem ser uma forma realmente eficiente de combate da doença no futuro", afirma Rinck Jr.
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